sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Senta que lá vem história...

1998 era ano de Copa do Mundo, e aliás, foi o ano em que comecei a entender como uma Copa funcionava...

Na escola também não se falava em outra coisa. Algumas diciplinas como Matemática, Estatística e Geografia usaram a copa como pano de fundo para explicações e novos trabalhos. Ah, eu ia esquecendo... os trabalhos de artística, apesar de chatinhos de se montar, eram muito bonitos quando terminados.

Usando só a memória (e o International Super Star Soccer 64), consigo me lembrar de alguns dos grandes nomes que fizeram parte, pelo menos, da expectativa que tínhamos do mundial.

O Brasil não tinha Romário, "pra não polemizar o grupo", era a explicação. Mas tínha Ronaldo Nazário (80kg a menos do que atualmente), que representava uma grande ameaça, dado seu sucesso nos últimos anos.
Outros nomes mereciam destaque:
  • Zamorano e Salas, atacantes do Chile.
  • Jorge Campos, goleiro mexicano com habilidades de atacante.
  • Suker, artilheiro do ano, da seleção croata. (Não confundir com Sucker).
  • Klismann, atacante alemão, beirando a aposentadoria.
  • Peruzzi, atacante italiano, que tinha cabelos brancos, mas era bastante jovem.
  • Batistuta, atacante argentino, forte candidato a substituto de Maradona.
  • Ococha, nigeriano bom de bola.
  • Zidane, na época, um dos melhores do mundo.
  • Valderrama, meio-campista da Colômbia, figura marcante por seus cabelos muito pomposos...
...e tantos outros, que a memória não ajuda no momento.

Enfim, era a primeiríssima copa que eu levava a sério. E assim foi até a desastrosa final contra a França. E olhem que eu torcia mais pela Itália, simplesmente porque eu simpatizo muito com a seleção italiana...

Mas o assunto-mor era a popularidade do evento na escola. De cada 10 pessoas, 20 falavam na copa do mundo. Meus amigos da escola (eu tinha poucos, uns ainda que viravam a casaca quando a bagaça era me ferrar, mas isso é assunto pra outro post) estavam igualmente a par de tudo que rolava nos gramados franceses...

César, que jogava bola muito bem. E era um dos mais estudiosos da turma. Ele só deixava de jogar quando tínhamos trabalhos importantes na escola. Nós fazíamos os trabalhos, os outros copiavam.
Santos, que era muito inteligente. Ele simplesmente dominava a matéria sem muito estudo.
"Jurandir" ou "Jandir", que era o único que tinha de trabalhar para se sustentar. Na verdade, o nome dele era Jerry, mas a professora de matemática leu o nome dele como "Juranda" ou algo mais impronunciável ainda, e aí o apelido pegou... "Juranda", "Jandir" ou "Jurandir"...
Henor, que mais faltava a aula, porque era depressivo. Foi meu colega desde a 3ª série do Ensino Fundamental. Passou por muita coisa complicada na época... mas era um bom amigo, no fim das contas.
Graxa, que... bem, ele não era exatamente o mais inteligente, tampouco o mais estudioso. Na verdade, chamavam o Graxa de Pancada também. Mas Graxa era o apelido que ficou. Fazia uns comentários estranhos e até tinha um teorzinho de maldade, mas nada sério...
E o Bardoso, que era muito popular com as garotas, especialmente da 7ª série,  mas, diferente de outros que eram assim, não esnobava perdedores como nós, do resto do grupo.
Ah sim! E eu, que ainda não tinha a alcunha de Bier, como a maioria de vocês me conhecem hoje. E a turma pegava no meu pé enfatizando que meu nome era sinônimo de idiota, mas não vou me queixar de bulling. Aliás, isso nem tinha nome. Era pegação de pé mesmo...

Para essa copa, estávamos empolgados mesmo... Henor havia comprado um Nintendo 64 (o primeiro que joguei na minha vida) e um I.S.S.S.64 (o jogo que citei lá em cima).

Ele também tinha uma revista Placar especial da Copa 98. E como o joguinho não vinha com os nomes originais, usávamso o MemoryPack (que é o memorycard do Nintendo 64) para salvar todos os nomes, editados um a um por nós mesmos. A tarde foi longa, a musiquinha da edição de nomes nunca mais me saiu da cabeça, mas quando anoiteceu, foi muito satisfatório jogar com os nomes oficiais. Ocupou uma memória federal do memorypack, mas valeu a pena. (Anos mais tarde, eu mesmo comprei meu N64 com I.S.S.S.64 e fiz tudo de novo, em nome dos velhos tempos. Até pedi a Placar do Henor emprestada...)

Entre as opções do jogo, tinha a liga mundial (World League), que se tratava de um campeonatão todos contra todos, em jogos de ida e volta. Eu joguei tanto N64, que pegava seleções marcantes como Grécia ou Coréia do Norte e participava justamente dessa modalidade. Nunca tirei menos que 1º lugar, sempre no nível máximo.

Aliás, jogávamos demais. Um dia fizemos um amistoso World Stars VS Coréia do Norte (que era o pior time, controlado por nós).  Começamos bombardeando com uns 4 gols em menos de um minuto. Aí desconfiamos que não estava no nível mais alto. Quem apontou isso como coisa boa foi o Santos: "Se não reparamos o nível baixo da máquina, é porque jogamos tão bem que nem sequer tivemos tempo de ver isso..." - de fato, até hoje eu concordo. No outro minuto, ele remendou "...ou será que somos tão ruins que confundimos o mínimo com o nível máximo?" - risos da galera. Tardes boas... café, bolachas, refrigerante e pipoca e até umas partidas de baralho. A casa do Henor era para a gente como Las Vegas é para um bilionário...

Nosso professor de Língua Inglesa também não era lá essas coisas... o papo rolava solto durante a aula, quando não era uma partida de baralho ou recuperação de alguma aula de artística... isso enquanto César e eu copiávamos toda a matéria. Foi numa dessas que o papo descambou para a Copa 98, mais uma vez. Depois, fomos para as copas passadas... comentamos da vitória em 94, nos Estados Unidos, depois da derrota na 90 para a Argentina e de como torcemos para Camarões e, ao final, para a Alemanha... sim, naquela época, já dava gosto ver os argentinos perdendo. Ainda mais na final...

Eis que o assunto chegou na Copa México, em 70:
[Bier] - Ah, essa do México foi legal. O Brasil foi tricampeão nela... e o Pelé arriscou um tirambaço lá do meio-campo...
[César] - O Pelé era o cara, esse sim! Não é como essa corja de hoje que chora porque não tem o Romário...
[Santos] - Nessa do México a gente tinha uma seleção de verdade!
[Graxa] - No México?
[Jurandir] - O que foi, Graxa?
[Bier] - É, Graxa! Vai me dizer que não sabe onde fica o México?
[Graxa] - O México... o México...
[Santos] - Deixa eu pegar o atlas...
[Graxa] - Não... não é isso... Saber onde fica o México no mapa eu até sei. Eu não sei é como faz saindo daqui pra chegar lá!

E o silêncio dominou o grupo...

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