quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Lá vem história...

1996 marcava época para mim...

O evento marcante da era televisiva do Brasil foi o lançamento das Chiquititas, que eu, por óbvias questões sociais fazia o possível para não assistir.


E olha que amigos meus chegaram a me incentivar. Eu não vou revelar nomes, não. Podem ficar tranquilos. O meu amigo T., que está em Porto Alegre, muito bem casado, com uma filha e com sua sexualidade muito bem resolvida, por exemplo... queria que eu visse para que a gente avaliasse as garotinhas. Aí o programa até ficou interessante.

Depois o meu amigo E., que me fez assistir a um documentário de 1h30 sobre a novela... no fim das contas foi divertido.

O caso é que eu evitava, porque seria um alvoroço enorme na minha cidade tão pequena. Embora eu estivesse seguro de mim, já tive muitos apelidos e sofri de bulling antes mesmo de ele ter nome. Então, não dei chance para o azar, sem Chiquititas, nem nos meus maiores segredos.

Até que, miseravelmente para mim, a Editora Abril (acho) lançou a Revista das Chiquititas. Mas que diabos isso teria a ver comigo? Bom...

O fato é que a minha tia (que também não vou identificar) comprava para a minha prima (filha dela, lógico!) a maldita revista. Isso na banca que ficava em frente à farmácia em que um amigo meu trabalhava. E a tia em questão tava devendo uma grana na farmácia, então ela teve uma ideia brilhante: pedir para o sobrinho aqui ir até a banca, pois eu estaria acima de qualquer suspeita.

Piorando um pouco a situação, a locadora de videogames que tinha na cidade ficava ao lado da banca, o que significava que grande parte dos garotos da cidade já estava lá.

Agora vamos fazer uma rápida pausa:
Caras, eu tava ferrado! Ferrado, ferrado, ferrado! Fazer esse favorzinho para minha tia implicaria em anos de fama (injusta, diga-se). Eu ia ficar famoso da noite para o dia como "O guri que assiste Chiquititas", pra coisas bem piores, pois eu já tinha os apelidinhos ridículos, então o pesadelo se intensificaria!

Terminando a pausa, quando minha tia fez o pedido que me renderia um status único na cidade, eu estava de pijamas. Sim, era um sábado. Já que eu estava na fila do corredor da morte, resolvi enrolar o máximo possível, para aproveitar os últimos suspiros da minha (já quase morta) vida social: demorei o quanto pude para me vestir... escovei os dentes 3 vezes, calcei os tênis demoradamente, experimentei umas 3 combinações de roupas... até que minha tia, como o carcereiro, me empurra para o corredor, dá uma batidinha na porta do meu quarto e me pergunta: "Maninhooô, tu não vai?" (sim, a tia me chamava de Maninho).

Aí eu já havia me despedido de tudo mesmo. "Tô no inferno, vou dar um abraço no Capeta!"

Aceitando minha sina, sentei, pela última vez, menos infeliz no sofá para amarrar uma quarta vez os sapatos. Foi quando entrou minha outra prima, a Cacau, pela porta da sala.

Por Deus! Eu estava a salvo. Olhando para minha vida social eu não que eu tinha muuuito a perder, mas era bem melhor que ela me quebrasse esse galho do que eu me condenasse a mais um motivo para rirem de mim até o ano de 2020.

Contei toda essa história (tirando a parte em que eu enrolei) para minha prima e expliquei a ela que seria no mínimo embaraçante realizar a tarefa que minha titia pediu inocentemente.

- Sem problema. - ela me disse - Só vou esperar a Kátia chegar e a gente vai lá e compra ela pra ti.
- Pra mim, não, peloamordeDeus! Pra ela! Pra tia!

Não demorou muito e a Kátia, amiga da Cacau, chegou. Cacau contou esse drama para a Kátia e exclamou "Coitado!".

Cacau fez a compra e entregou a revista para a minha tia, sem drama. Depois que tudo correu bem, eu perguntei pra ela se não foi embaraçoso.

- No início foi... - disse a Cacau - ...mas quando o carinha da banca me olhou, eu disse "Não é mole agradar essa minha prima."

Obrigado, Cacau. Sempre fiquei te devendo essa!


Obs.: Se fosse hoje, essa história seria muito diferente...

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As ideia do Marat (Ó as Ideia!)


2 comentários:

  1. Kkkkk...nem me lembrava mais disso...e olha q tu vai ter q comprar muitas revistas desse tipo p Diana....kkk. bjoo

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  2. kkkkkkkkkk, ri muito, coitado!!!!!!! mais amei o "Olhando para minha vida social eu não que eu tinha muuuito a perder".

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