sábado, 19 de abril de 2014

Olá.

Sozinho;
Volto para casa.
No caminho;
Em um barraco velho;
Caindo aos pedaços;
Encontra-se um homem alegre;
Doente;
Porém contente.

Seus dentes eram podres;
Seus olhos estavam se apagando;
Seus fios de cabelo podiam ser contados;
Mas ele era feliz.

E dessa boca suja;
Nasce um sorriso;
Como uma lança que atravessa o coração;
Limpando a escuridão;
Dessa mesma boca com os dentes amarelos;
Pode se ouvir um "olá".

As sombras que me perseguiam;
A escuridão que o meu mundo se tornou;
Por uma fração de segundos;
Receberam uma pequena dose de luz;
De alguém que não tem nada.

A luz se acabou;
Mas fica a lembrança;
Do velho que mesmo tendo nada;
Sorria como se tivesse tudo;
E iluminava, mesmo que por um minuto, os vultos perdidos pelo mundo.

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Gabriel Borges A. Vargas

O velho foi internado, o barraco se tornou uma casa para abastados. Mas as lembranças dos sorrisos, jamais se apagarão.




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